Vidas sem fronteiras: Ricardo Demasi

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Após construir uma carreira como publicitário, Ricardo Demasi decidiu largar tudo para seguir a sua paixão: a vida marítima. Hoje, o navegador e capitão que já conheceu diversos países de veleiro e fez disso sua profissão nos conta sobre começar do zero aos 50 anos, e sobre o seu novo sonho de dar a volta ao mundo.


Wise é uma nova e inteligente maneira de enviar dinheiro para o exterior, por uma fração do custo de um banco ou casa de câmbio. Na série de conteúdo Vidas Sem Fronteiras, nossos clientes nos contam histórias de como suas vidas transcendem fronteiras, e compartilham dificuldades, alegrias e aprendizados de quem se muda ou trabalha ao redor do mundo.


Minha história com o mar começou quando era pequeno. Na verdade, sempre fui um amante do mar, apesar de ser paulistano e ter nascido longe dele. Meu pai tinha uma casa em Ubatuba, então viajávamos muito para o litoral. Foi lá, inclusive, que ganhei meu primeiro veleiro e minha primeira prancha de surfe. Em pouco tempo, o que era um hobbie se tornou uma paixão que me levaria para lugares que nem fazia ideia.

Desde pequeno, sempre que surgia uma oportunidade para viajar de barco, lá estava eu. Certa vez, ao ler uma matéria na revista FLUIR, entrei em contato com um cara que estava viajando pela costa brasileira de veleiro. Enviei algumas fotos surfando e me convidei para ser seu tripulante. Você acredita se eu disser que ele me ligou? Pois é. E acabei indo parar no Caribe.

Só realizei o sonho de comprar o meu primeiro barco aos 30 anos. Antes disso, trabalhei como publicitário na agência de propaganda do meu pai. Quando ele decidiu aposentar, vi que era hora de caminhar sozinho. Na agência, tínhamos uma área editorial com um suplemento dentro do Estadão focado na área de transporte marítimo. Criei minha própria editora e passei a empreender. Como a vida é feita de ondas que vem e vão, justamente nessa época decidi casar. As filhas vieram, eu precisava trabalhar bastante e, no meio desse furacão, parei de velejar e, logo depois, vendi meu veleiro.

Anos mais tarde, fui morar em Florianópolis. Um dia, passeando pela praia, vi o veleiro que um dia havia sido meu. Foi uma coincidência enorme que aqueceu meu coração. Vivendo numa cidade com um ritmo muito mais calmo também consegui voltar a surfar com frequência.

Em 2013 as coisas novamente começaram a mudar. Por conta da crise fechei minha empresa, minhas filhas foram morar sozinhas e passei por um divórcio. Nesse meio tempo, um amigo me convidou para fazer um curso de autoconhecimento com técnicas de meditação. Eu estava sem grana, mas ele se ofereceu para pagar. Aceitei e foi uma experiência transformadora. Foi nessa época que decidi que daria uma volta ao mundo. Meu plano era fazê-la quando chegasse aos 60, mas o desejo de antecipar este sonho foi mais forte. Para isso acontecer, precisava tirar a carta de capitão.

Mas aí veio mais uma surpresa da vida: eu caí numa depressão profunda. Nada fazia mais sentido. Levei dois ou três meses para voltar ao normal, mas consegui retomar minha vida e lembrei de um grande amigo, que morava nos Estados Unidos e tinha a carteira profissional de capitão. Entrei em contato pelo Facebook e ele me convidou para ficar em sua casa e fazer o curso de capitão por lá. Decidi que iria.

No meio da mudança, um quadro que sempre fez parte da casa estava abandonado em um canto. Nenhuma das minhas filhas quis levá-lo, nem mesmo minha ex-esposa. Era um quadro do Fábio Miguez, meu vizinho em Ubatuba. Descobri que estava rolando uma exposição das obras dele numa galeria. Fui lá e vi que os quadros valiam entre 50 e 60 mil reais. Fiquei surpreso, pois na época em que comprei foi para ajudar uma fotógrafa que sofreu um acidente. Acabei vendendo o quadro por 30 mil reais e usei o dinheiro para a viagem.

Já em Fort Lauderdale, Miami, comecei o curso de capitão e morei numa crew house, uma espécie de hostel para quem trabalha na área náutica. De publicitário e editor, estava começando uma nova vida em que todas as minhas coisas cabiam numa mala e uma pequena mochila. Meu uniforme se tornou uma Havaianas ou um tênis e calça jeans.

O curso foi super desafiador e não passei de primeira. Antes da segunda tentativa, passava o dia estudando na biblioteca pública de Miami. Fiz isso durante um mês e meio até conseguir tirar minha licença de capitão. Mas não foi logo em seguida que comecei a trabalhar como capitão.

Não tinha vaga então comecei como deckhand, uma espécie de auxiliar que lava os barcos e ajuda na manutenção. Eu precisava da experiência, afinal ninguém entrega seu barco para alguém que acabou de tirar licença. Nesta época eu estava com 55 anos. Eu comecei a pegar trabalhos de delivery de veleiros, pois já tinha mais experiência com isso. O delivery é quando você leva o barco de alguém de um ponto a outro, através do mar.

Depois disso, mergulhei no mundo das entregas de barco para ganhar ainda mais experiência. Passei pelo Panamá, Colômbia, República Dominicana, Bahamas, Costa Rica e toda a América Central. Fui também para a Europa buscar um barco na França e levar até as Ilhas Canárias.

Em 2015, isso se tornou minha profissão. Como vivia navegando, enfrentava dificuldades para transferir dinheiro. Sempre odiei bancos, mas dependia deles. Tinha contas no Brasil, EUA e Europa, então precisava movimentá-las com frequência. Foi nesse contexto que conheci o Wise, que se tornou um grande facilitador na minha vida. É onde mantenho um histórico de transferências, recebo alertas de câmbio e outros recursos que melhoraram minha vida de velejador. Além das minhas contas, precisava enviar dinheiro para uma de minhas filhas e o processo ficou mais fácil. Hoje recebo e transfiro dinheiro de onde quer que esteja, sem dificuldades.

A minha vida hoje é uma vida sem fronteiras. Eu amo essa liberdade, mas também vivo um impasse. Ao mesmo tempo que quero sempre estar em lugares diferentes e conhecer o mundo, gostaria também de ter o meu cantinho. Às vezes esqueço que tenho 59 anos, apesar disso não ser um problema para realizar o meu sonho.

Em 2020, os planos são ir para a Europa, comprar o meu barco por lá e começar uma volta ao mundo oficialmente. Os budistas costumam falar que "nem tudo que é bom, eventualmente é para o seu bem, nem tudo que é ruim é para o seu mal”. Acredito nesta filosofia e gosto de pensar que sempre que o universo estiver aprontando alguma coisa, estará, ao mesmo tempo, preparando algo de presente. Pensar assim deixa a vida mais fácil e leve, apesar dos perrengues.


Por Milena Spremberg e Isaque Criscuolo, exclusivamente para Wise. Fotografia de Stephanie Stoddard Cortés.


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